sexta-feira, setembro 06, 2013


Vou ser breve.

Breve porque quero, breve porque preciso, breve porque não me agüento mais chorando pelos cantos, porque não agüento mais sempre ser apontada como a sofredora, a guerreira, a sobrevivente. Afinal de contas, qual foi a guerra que eu entrei que eu não me lembro? Não me deram uniformes e nem fardas, não me ensinaram a atirar e a me esconder de granadas.

Não quero mais guerra, quero paz.

Quero acordar de manhã, ira pra praia e sentar na areia sem pensar em quem vou encontrar, no que vou dizer, em quem vai ser meu amigo naquele dia. Não quero mais saber de números, de pessoas repetidas, de forçar melhores amizades só pra não me sentir imensuravelmente sozinha. No fundo, afinal, todos somos sozinhos. Ninguém nunca vai me entender por completo porque só quem tem a capacidade de me completar sou eu, não quero mais buscar complemento em nada.

Não quero que minhas palavras sejam mais fortes do que eu, que meus pensamentos me deixem o dia todo presa em um canto da casa só, maquinando na minha cabeça como a minha vida poderia ser boa se eu me deixasse viver. Não quero chegar aos trinta como cheguei aos vinte e cinco, pensando que não alcancei nada do que disse que queria, do que achava que queria, do que me faria ser aquela pessoa que meus pensamentos em círculos sempre me disseram que eu deveria ser pra que eu, finalmente então, pudesse ser livre. E feliz.

Não quero mais usar minha licença poética só pra falar de sentimentos quebrados, minha habilidade de enfileirar as palavras só pra falar do que nem eu mesma agüento mais ouvir porque parece um cd riscado que há quase dez anos toca a mesma música do nascer ao pôr do sol.

Não quero mais que a minha peculiaridade, a minha fragilidade e, principalmente a minha prolixidade me façam ser aquela que todo mundo vêm atrás de respostas mesmo sabendo que, não muito mais fundo do que a superfície, eu não tenho nenhuma. Não quero ser exemplo, não quero ser o que ninguém quer ser, não quero ter obrigação de ser o que eu não sou ou de achar que tenho que ser alguma coisa.

Quero ser nada, pra poder ser tudo o que me der vontade.

Não quero mais trilhas sonoras pré estabelecidas e conversas repetidas. Não quero mais meus moralismos, meus sexismos, minhas confusões de onde é que eu sento, de qual vai ser a minha opinião quando eu a mudo a todo dia. Não quero mais estar na festa e passar a festa toda olhando pros lados, esperando alguém dizer alguma coisa que faça sentido, esperando a felicidade das pessoas deixar de ser forçada e virar verdadeira.

Não quero mais muitas coisas que, na verdade, nunca quis mas sempre vivi porque achava que eu precisava, que eu deveria. Não preciso, não devo, não quero.

Não quero mais magoar quem me ama, a começar por mim mesma, não quero mais impor as minhas vontades quando eu não sei se quero mais tê-las. Não quero saber se vou te amar pra sempre, se vamos andar de mãos dadas quando as nossas estiverem enrugadas, não quero mais pensar na minha vida sem você, não quero mais pensar na minha vida com você, não quero pensar em carreira, em casamento ou em filhos, não quero pensar. Vou ser breve, me dê só um momento pra respirar. Não quero saber de mais nada.

Quero silêncio.
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2 Comentários:

Unknown disse...

Totalmente lindos seus escritos. parabéns.

Unknown disse...

TOTALMENTE lindos seus escritos. apaixonei. parabéns.