sábado, março 14, 2009


˙·٠•●♥ Cresci!!! ♥●•٠·˙

Eu era uma criança. Acordava todas as manhãs ouvindo os passarinhos cantarem, e acreditava no que haviam me dito, que o canto dos pássaros era a voz de Deus. Ia à escola, e sabia que precisava estudar, ser uma boa menina, tirar boas notas e ganhar presente do Papai Noel no final do ano porque havia passado por média. Ao chegar na escola, passava horas lá, orando para que chegasse a hora do recreio. Voltava pra casa ao meio dia, a pé, com a farda toda suja. Hoje sou adulta. Acordo cedo, preocupada com a conta que não consegui pagar do mês passado... isso quando consigo dormir, quando ela não me tira o sono! Tenho que ir trabalhar, sofrer pressão dos chefes, e ainda preciso me preocupar com a faculdade que está por começar e eu ainda não consegui dispensar a disciplina que eu já paguei no outro curso. Não almoço mais em casa. O meu principal rival passou a ser eu mesmo, e minha vida se resumiu às minhas angústias, dores, inquietações e solidões. Tenho medo de olhar para frente, e quando durmo, não consigo mais sonhar. Depois de tantas decepções, tenho medo de fazer amizades, tenho medo de sofrer num relacionamento e tenho medo de perder minha identidade. Estou sitiada sim, mas sitiada pelo medo, pela violência, pela tristeza e por todos os males que o mundo ao meu redor me proporciona. Perdi a inocência infantil que me trazia a felicidade, e convivo com uma série de cobranças e anseios que para mim não passam de egoísmo e vaidade. Saio a noite e não tenho mais a certeza de voltar para casa e dormir chateado por não poder ficar mais tempo na rua. Hoje eu posso ficar o tempo que eu quiser, mas questiono o preço dessa minha “liberdade”, pois não sei que espécie de liberdade é essa que pode levar embora a alegria de viver das pessoas. Eu cresci, e tive que resumir meu mundo de sonhos a um mundo interior, porque caso contrário, não sobreviveria. Tive que me tornar mais um, tive que mentir algumas vezes, tive que ser egoísta, tive que exigir mais dos outros do que eles podiam oferecer, porque se não fizesse isso, a “máquina” me atropelaria. Deixei de ser eu mesmo porque o mundo me obrigou a isso... infelizmente, o mundo não é o mesmo! Hoje eu quase não tenho amigos, as conquistas ficaram tão fáceis que perderam o sentido de ser, e eu não sei mais se posso dizer que sou feliz. Agora eu sou adulto, tenho liberdade, e posso fazer o que eu quiser, mas sinceramente, preferia que não fosse assim.
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